Comunicação não verbal pode ser um aspecto da linguagem de importante valor para a compreensão de desejos e desconfortos humanos.
A utilidade dessa ferramenta se torna ainda mais séria quando precisa ser usada para compreender quadros de saúde de outras pessoas.
Nesse texto você vai ver qual a importância desse tipo de comunicação na área da saúde e como ela pode contribuir para diagnósticos mais eficientes.
O que é comunicação não verbal?
A comunicação, de forma geral, serve para que uma pessoa consiga transmitir e compartilhar um pensamento que teve ou algo que sentiu. A forma mais comum e usual de fazer isso é por meio da utilização de palavras que, juntas, formam frases e parágrafos que servem de argumentação e transmissão de raciocínios e sensações.
Só que essa não é a única forma de seres humanos se comunicarem. É aí que entra o não verbal como forma de comunicação.
O próprio nome já norteia bastante o significado da palavra. Não verbal é quando o emissor ou receptor da mensagem não utiliza nenhum tipo de classificação de palavras para conseguir transmitir uma ideia, um fato, uma opinião ou aquilo que está pensando.
A não utilização de palavras serve tanto para as comunicações que ocorrem de forma escrita, como em uma mensagem, em uma carta ou e-mail, como também na comunicação oral, ou seja, em conversas durante o dia a dia.
A classificação desse tipo de linguagem começou após muitas observações, estudos e pesquisas feitas por Charles Darwin. O naturalista britânico trouxe essa questão à tona no livro intitulado “A expressão das emoções no homem e nos animais”, divulgado em 1872.
Foi a partir desse estudo divulgado que muito começou a se falar sobre essa comunicação. Também foi o momento em que toda a classe de pesquisadores começou a destrinchar as formas como ela acontece e como é utilizada de forma tão corriqueira e em diversas situações do dia a dia.
O termo não verbal se tornou mais popular só em 1956 quando o psiquiatra Jurgen Ruesch e o escritor Weldon Kees se juntaram no livro “Comunicação não-verbal: notas sobre a percepção visual das relações humanas”.
Por conta desse interesse nos formatos de tratos entre pessoas é que hoje podemos compreender mais o que o outro quer dizer, apenas por tipos de olhares, gestos, posturas, toques e até mesmo pela parte visual e a aparência de cada um.
Qual a sua importância na área da saúde
O principal fator de importância quando o assunto é a não verbalização na área da saúde é o entendimento da complexidade de uma pessoa.
No lugar do médico se tornar passivo e acatar apenas o que a pessoa fala com o uso de palavras, o médico passa a ser uma espécie de investigador que analisa outros fatores que podem complementar ou contar as principais dificuldades clínicas que aquela pessoa está enfrentando.
Ao conseguir analisar a parte não verbal de um paciente, você consegue ir além do que ele te conta ou do que ele mesmo reparou em si próprio.
Quanto mais informação há nesse momento de encontro entre profissional e paciente, mais chances de descobrir o que está acontecendo e quais possíveis linhas de tratamento podem ser seguidas na busca de uma vida saudável.
Como compreender esse tipo de comunicação
Para que você consiga compreender momentos em que os pacientes do seu consultório estão se comunicando de forma não verbal, é necessário entender antes quais são os principais tipos de comunicações não verbais. Veja:
Características físicas
É quando todo o conjunto da aparência da pessoa vai transmitir alguma mensagem para as demais que estão no mesmo local. Isso vale desde o corte de cabelo, a cor, as roupas, o uso ou não de jóias, bolsas, sapatos, tipo de veículo que usa.
No campo social, essas informações podem ser usadas para falar do capital social, cultural, intelectual e financeiro. Essas definições foram elencadas pelo sociólogo Pierre Bourdieu há muitos anos e são usadas até hoje.
Mas no campo da medicina, a análise das características físicas pode ser usada em um tom de utilidade para compreender o que o paciente está enfrentando, deixando então de ser um termômetro social.
Nas características físicas também estão enquadradas questões como: posturas mais marcadas ou endireitadas, tipos de olhares e gestos feitos com as mãos.
Paralinguagem
Essa expressão é usada sempre quando há a necessidade de descrever as questões da voz, então: qual o tom, o volume, a velocidade e o ritmo da fala.
A paralinguagem pode ditar duas situações completamente distintas. Uma pessoa diz estar muito feliz e usa essas palavras com tom alegre e um volume um tanto quanto alto. Não há dúvidas de que ela realmente está em um bom momento, certo?
Agora imagina essa mesma pessoa dizendo que está feliz, mas com a cara fechada, com um tom de voz mais baixo e em um ritmo lento. Ela pode estar sendo irônica e usando essas ferramentas vocais para transmitir a ideia de que felicidade é a última coisa que está sentindo no momento.
Cronêmica
É a relação que a pessoa tem com o tempo e com os horários de determinados compromissos. Dependendo da forma que ela usa esse recurso, ou está sempre adiantada, ou atrasada.
É esse tipo de mensagem não verbal que revela o nível de seriedade que a pessoa está dando para determinada situação ou então o tanto de dificuldade que ela está enfrentando para conseguir cumprir com datas e horários.
O não verbal e o diagnóstico
Aqui no blog da Amplimed, já foi publicado um artigo mostrando como fazer uma boa ficha de anamnese é importante para conseguir suprir as demandas que cada paciente traz. Nesse mesmo artigo também foi disponibilizado uma série de dicas para executar essa parte do processo da maneira mais eficaz possível.
Aliado a isso, existe a necessidade do médico desenvolver e praticar a escuta ativa com os pacientes. Esses recursos se enquadram nas práticas verbais. E já são muito úteis por si só. Mas devido à complexidade das relações humanas, o especialista em saúde precisa ficar atento às demais formas que uma pessoa tem de se comunicar, sobretudo não verbalmente. Ao se atentar também para esse formato, o médico está garantindo um diagnóstico mais completo e um cuidado integral com o assistido.
Pensando na parte física, esse tipo de comunicação pode auxiliar o especialista na área da saúde a entender a gravidade de determinado caso.
Se um paciente chega ao centro médico ou consultório se queixando de uma dor nas pernas e mostra a aparência do local que está doendo, sendo desde uma batida, um ferimento ou um corte, o médico terá mais pistas para entender quais são os próximos passos e qual a necessidade imediata daquela pessoa. Esse não é o único momento em que uma comunicação silenciosa por meio da aparência auxilia os profissionais da saúde.
Vamos imaginar hipoteticamente que um dos colaboradores da sua clínica atendeu uma pessoa que se queixa de dores de cabeça e apresenta uma aparência muito cansada, há uma olheira bem profunda debaixo dos olhos, uma fadiga excessiva e uma falta de concentração no momento da consulta.
Esses fatores podem indicar que aquele problema da dor de cabeça está influenciando em outras questões no corpo e na mente do paciente. Pode ser que a dor de cabeça esteja gerando uma insônia e essa falta de descanso tanto no aparelho físico como mental está prejudicando reflexos e habilidades cognitivas que ele tinha até então.
Com essa percepção, o médico pode chegar à conclusão de que deve afastar o paciente do trabalho, pedir para que ele evite dirigir ou realizar atividades que demandam muita atenção até que todo o processo de pesquisa seja feito e que ele comece o tratamento para melhorar os sintomas e descobrir a causa raiz dessas dores.
Outro caso em que o fator de característica física pode auxiliar é em casos de transtornos mentais. Vamos supor que um dos psiquiatras comece a atender um paciente que demonstra inúmeros sinais de depressão. Aliado a essa pesquisa feita durante as conversas da consulta, ele repara que há um odor diferente no paciente e que as roupas são tão limpas.
Essa simples observação pode levar o médico a pensar que o caso de depressão pode estar em um nível mais avançado, quando o paciente não tem condições nem mesmo de cuidar da própria higiene física e bucal. A partir de então, novas perguntas podem ser feitas para que o profissional entenda a real gravidade do caso e solicite alguns tipos de cuidado, desde internações até cuidados no formato home care.
Prestar atenção em olhares e posturas durante consultas e procedimentos também podem ser um bom caminho para compreender a situação de forma 360.
Se o profissional propõe um tipo de tratamento no qual o paciente não se sente confortável em realizar, é bem provável que a postura mude completamente e imediatamente ao que foi proposto. Essa comunicação também pode vir acompanhada da transformação no tom de voz que tende a ficar mais baixo e murcho.
Quando o especialista nota isso, perde-se a necessidade de o paciente ter que falar de forma clara, objetiva e em alto som que ele se sente desconfortável com algo.
Há atendimentos, por exemplo, em que o paciente está em retorno para verificar resultados de exames. Se a fala do assistido ficar mais acelerada, o tom da voz subir e o rosto começar a ficar avermelhado, isso mostra que aquela situação desperta um sentimento de raiva e fúria no paciente.
Em outras palavras, a comunicação não-verbal é muito útil para a busca de diagnósticos, sejam sobre doenças físicas, mentais ou psicológicas. Ele deve ser usado de forma associada, isto é, em parceria com a comunicação verbal e com todos os outros dados e resultados que essa pessoa carrega no histórico clínico.
Não ficar atento ao não verbal do paciente é descartar uma série de informações que estão sendo passadas por ele e que poderiam resolver o caso de uma maneira muito mais efetiva e rápida.
A comunicação pode ser observada e aplicada tanto em atendimentos presenciais como nos de telemedicina.
Importante ficar atento às mensagens não verbais de todos da equipe, não somente dos pacientes.
Analisar os sinais que os assistidos trazem pode contribuir de forma significativa para o bom diagnóstico e busca por tratamentos para sintomas e doenças.
Mas o contrário também pode acontecer. Dependendo das comunicações não verbais que são transmitidas pelo médico, o paciente também pode entender algumas mensagens passadas a ele.
Se isso for algo positivo ou negativo, vai derivar de como o especialista está se comportando e como está utilizando a comunicação não-verbal ao seu próprio favor.
A linguagem não verbal não se restringe somente aos atendimentos que ocorrem de forma privada no consultório médico. Ela também pode ser bem compreendida em outros ramos da clínica.
Na verdade, em qualquer momento e em qualquer local os clientes da clínica estão passivos de usar esse meio de comunicação para se expressar. Desde a entrada, nos corredores ou ao utilizar o banheiro.
Por isso, é importante que outros funcionários que fazem parte da equipe do estabelecimento também tenham conhecimento, noção e percepção dessa comunicação silenciosa.
Como por exemplo as secretárias médicas. Elas vão conseguir reparar em como o paciente está e qual experiência teve no local a partir de sinais visuais e corporais que ele vai transmitir no momento de preencher a ficha ou então de fazer o pagamento pelos serviços utilizados.
Ficar atento para a mensagem não verbal dos pacientes em todos os momentos e ambientes do consultório é uma das chaves para que você entenda o que ele, de fato, está pensando e achando sobre toda a assistência que está recebendo e se ela está sendo eficiente para solucionar as questões de saúde dele.
Mas existem tantas outras chaves que são muito importantes, e até mesmo determinantes, quando o assunto é gerir uma clínica médica.
Pensando nessa demanda, a Amplimed se dedica a desenvolver conteúdos frequentes para que você sempre tenha uma forma de melhorar a qualidade da sua rotina, o quadro de funcionários e também o que oferece para as saúdes dos cidadãos.
Continue no blog da Amplimed e confira centenas de outros assuntos que vão te auxiliar com a sua empresa de saúde!