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Como integrar o cálculo DAS28 ao prontuário eletrônico na reumatologia

A necessidade de inovar na medicina já vem sendo acatada por diversos profissionais, principalmente no sentido de implementar o uso do prontuário eletrônico e adotar um sistema médico para clínicas e consultórios. Tudo para agilizar os atendimentos e melhorar a acessibilidade aos dados do paciente.

Quando falamos em especialidades, as tecnologias tornam-se ainda mais necessárias. Na reumatologia, por exemplo, é possível usar um prontuário eletrônico para o cálculo do DAS28-VHS. Neste texto, explicaremos o que é esse cálculo e mostraremos como trazer mais praticidade para a reumatologia usando a tecnologia como facilitadora!

O que é o cálculo DAS28-VHS?

Uma das principais queixas relatadas pelos pacientes ao reumatologista são as dores nas articulações. Levando em conta que é difícil mensurar a extensão e a gravidade do quadro, criou-se o DAS28.

A origem do DAS (Disease Activity Score) se deu em 1990, e inicialmente avaliavam-se as dores em 26 articulações e os edemas em 44. O intuito era a avaliação de pacientes com artrite reumatóide, uma das queixas mais frequentes nos consultórios de reumatologia.

Como a diferença de números tornava o processo mais complexo, criou-se o DAS28: com 28 articulações avaliadas tanto na dor como no edema.

Basicamente, o cálculo DAS28-VHS conta com:

  • Avaliação do número de articulações acometidas com dor;
  • Avaliação do número de articulações com edema;
  • Velocidade de hemossedimentação (VHS), em mm/hr;
  • Escala visual analógica, que consiste na avaliação do paciente sobre a doença em uma escala de 0 a 100.

O resultado serve ao reumatologista para categorizar o paciente em remissão ou atividade leve, moderada e alta. Esse acompanhamento ao longo das consultas permite também avaliar a resposta ao tratamento e/ou a progressão da doença. Confira os scores propostos em 2015 pela Sociedade Brasileira de Reumatologia:

 

Nessa tabela, encontra-se também o DAS28-PCR. Este é um cálculo semelhante ao discutido anteriormente, porém que substitui a Velocidade de Hemossedimentação pela Proteína C Reativa.

A inserção desses índices no prontuário eletrônico permite que o médico reumatologista observe a doença ao longo do tempo, além de classificá-la e decidir novas condutas terapêuticas.

Como usar o cálculo DAS28: o caso da fibromialgia

A fibromialgia acomete 1 a cada 50 americanos, sendo desses 80% mulheres. Ainda não totalmente compreendida, essa é uma doença crônica, dolorosa, não inflamatória e de etiologia desconhecida, porém possivelmente influenciada por outras doenças (como a depressão).

Sintomatologia

O paciente queixa-se de dor crônica, tanto em esqueleto axial como também periférico. O tipo de dor não segue um padrão e algumas vezes pode ser relatado com queimação, outras pontadas e sensação de peso.

O relato de inchaço nas articulações também é frequente, porém não pode ser visto pelo examinador, o que exclui as artrites reumatóides.

Outra característica marcante nos pacientes costuma ser a fadiga crônica, por vezes confundida com outras patologias. Ela costuma ser ocasionada pela ausência de sono reparador.

Além disso, podem surgir outras doenças em outros sistemas, comprovando o caráter sistêmico da fibromialgia.

Diagnóstico

Apesar de não haver inflamação no processo da fibromialgia, ela costuma ser encaixada no grupo de doenças reumáticas. Geralmente, até receber o diagnóstico, o paciente precisa consultar diversos médicos, sempre com a queixa de fadiga e dores.

Uma das formas de auxílio no diagnóstico é através do cálculo DAS28-VHS, explicado anteriormente. Ele auxilia ainda no afastamento da possibilidade de artrite reumatóide.

Tratamento

O tratamento da fibromialgia geralmente requer um reumatologista ou um neurologista, pela dificuldade de determinar uma etiologia para a doença. As principais terapias costumam ser:

  • Antidepressivos: pela elevação de serotonina e noradrenalina, bem como pela ação em outros neurotransmissores, esses medicamentos são prescritos na fibromialgia. Espera-se que haja redução na fadiga e na dor.
  • Relaxantes musculares: seu uso é explicado no relaxamento muscular e também na indução do sono profundo. A ciclobenzaprina é uma das escolhas.
  • Analgésicos: de corticoides a paracetamol, analgésicos são úteis no tratamento sintomático e no alívio temporário da doença.
  • Anti-inflamatório: como não existe processo inflamatório na fibromialgia, os resultados não serão satisfatórios. Ainda assim, alguns especialistas indicam a terapia.

Como usar o prontuário eletrônico para calcular o DAS28

O principal benefício de usar um prontuário eletrônico na reumatologia reside no fato de que o médico reumatologista está constantemente avaliando o seu paciente, diferentemente de outras áreas da medicina nas quais existe uma única consulta e o paciente pode não retornar.

Sendo assim, a progressão de uma doença é muito mais facilmente descrita através do prontuário eletrônico presente em um software médico. Um exemplo disso é o DAS28-VHS integrado ao prontuário médico.

O prontuário eletrônico pode ser utilizado das seguintes formas:

  • Medidas contínuas: são capazes de gerar médias e medianas entre os pacientes e assim estabelecer comparações.
  • Medidas categóricas: no sentido de classificar o paciente em remissão ou atividade leve, moderada e alta.

 

Percebe-se que além de calcular o valor do DAS, o reumatologista também tem a opção de marcar quais são as articulações atingidas. O trabalho acaba sendo muito menor do que se este precisasse digitar todos os pontos de dor e edema, não é mesmo?

Outras vantagens do prontuário eletrônico

Como exposto anteriormente, a adesão a novas tecnologias na reumatologia e na medicina em geral é extremamente benéfica, tanto para os médicos quanto para os pacientes.

O prontuário eletrônico se destaca em meio a tantas inovações por possibilitar que toda a anamnese seja facilmente digitada dentro dos campos já existentes no software, garantindo diversas vantagens. Conheça-as a seguir:

Vantagens para o médico

  • Agilidade: o tempo que se gasta para digitar é drasticamente inferior ao que se utiliza para escrever. Assim, o tempo é otimizado e mais consultas são feitas em um único dia.
  • Produtividade: é possível anotar a história do paciente com maior riqueza de detalhes, facilitando os atendimentos futuros.
  • Sistematização: a organização da anamnese em campos deixa os dados mais organizados e, consequentemente, mais visíveis.
  • Facilidade de edição: reescrever, complementar e até mesmo excluir dados tornam-se tarefas extremamente fáceis. Essa é uma grande vantagem sobre os modelos de papel.
  • Anexação: é possível anexar documentos e imagens ao prontuário, como exames laboratoriais.
  • Dinâmica em equipe: apesar de existir a segurança dos dados, médicos e outros profissionais podem ter acesso ao prontuário se habilitados. Isso facilita o trabalho em equipe quando há necessidade de encaminhamento, discussão de caso, etc.

Vantagens para o paciente

  • Confidencialidade: todos os dados contidos no prontuário estarão sujeitos ao sigilo, o que garante a confidencialidade e a privacidade do paciente.
  • Melhor atendimento: a interação médico-paciente será mais forte, pois o médico passará mais tempo mantendo contato visual com seu paciente, visto que digitar é muito mais simples que escrever!
  • Otimização do tempo: da mesma forma que este ponto é vantajoso para o médico, também será para o paciente. Isso porque o tempo desprendido anotando poderá ser utilizado na exploração de outras queixas e sintomas do paciente.
  • Acesso a informação: o prontuário do paciente pode ser facilmente enviado a outros médicos e profissionais quando necessário, sempre com autorização.

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Referências utilizadas:

  • das Chagas Medeiros, Marta Maria, et al. Correlação dos índices de atividade da artrite reumatoide (Disease Activity Score 28 medidos com VHS, PCR, Simplified Disease Activity Index e Clinical Disease Activity Index) e concordância dos estados de atividade da doença com vários pontos de corte numa população do nordeste brasileiro. Revista brasileira de reumatologia 55.6 (2015): 477-484.
  • Heymann, Roberto Ezequiel, et al. Consenso brasileiro do tratamento da fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia (2010).
  • Provenza, J. R., et al. Fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia 44.6 (2004): 443-449.
  • Bezerra, Selene Maria. Prontuário Eletrônico do Paciente: uma ferramenta para aprimorar a qualidade dos serviços de saúde. Revista Meta: Avaliação 1.1 (2009): 73-82.

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